Resenha: Caixa de Pássaros - Josh Malerman
Malorie acredita cegamente que esta onde de suicídios seja coincidência e que não seria nada de mais. Até que de um jeito trágico, é forçada a acreditar que coisas ruins estão realmente acontecendo e de forma cada vez mais intensa. Uma noticia que é contada na tv é a de uma mãe que enterra seus filhos vivos no jardim de casa e depois se mata com pedaços de vidro de pratos quebrados; cruel, não é? Assim, surgiram rumores de que as mortes estariam ligadas a algo que as vítimas viram antes de enlouquecer. Para evitar o contágio, as pessoas passaram então a se trancar dentro de suas casas e não abrir os olhos fora de locais fechados e sem janelas. Diziam ser criaturas, mas que criaturas? Como alguém poderia saber se ao olhar para elas você se suicida? O medo se instalou na sociedade e sair de olhos fechados é a única solução.
Malorie então segue seus instintos e procura ajuda em uma casa que anunciava abrigo no jornal. Lá ela encontra mais seis pessoas e a partir dai tudo passa a se desenvolver de forma cada vez mais assustadora. Viver com as janelas tapadas com cobertores, as portas sempre trancadas e os olhos fechados ao sair de casa, essa é a nova vida deste mundo agora devastado por algo desconhecido. Será que Malorie e os outros conseguirão ficar de olhos bem fechados, até quando a vontade de abri-los é maior? Será que as criaturas desconhecidas são mesmo os mais cruéis seres?
Malorie então segue seus instintos e procura ajuda em uma casa que anunciava abrigo no jornal. Lá ela encontra mais seis pessoas e a partir dai tudo passa a se desenvolver de forma cada vez mais assustadora. Viver com as janelas tapadas com cobertores, as portas sempre trancadas e os olhos fechados ao sair de casa, essa é a nova vida deste mundo agora devastado por algo desconhecido. Será que Malorie e os outros conseguirão ficar de olhos bem fechados, até quando a vontade de abri-los é maior? Será que as criaturas desconhecidas são mesmo os mais cruéis seres?
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"Não abra seus olhos." |
Essa é a premissa de Caixa de Pássaros, um livro de estreia de Josh Malerman, uma estória que usa e abusa a cada pagina de um imenso terror psicológico. Acredito que assim como mostrado na estória, o medo do desconhecido é ainda pior do que algo que conhecemos, do que podemos ver. Lidar com algo que nem ao menos podemos ver é o pior dos medos. O medo é o principal sentimento e vence-lo, mesmo de olhos fechados, é o objetivo de cada um. Os personagens se veem obrigados a deixar de lado um dos nossos principais sentidos, a visão. É legal ver como Malorie muda ao longo do livro. No começo, de incrédula e medrosa chega ao final sendo uma mulher corajosa e que fará a pior coisa para proteger seus filhos: abrir os olhos.
É interessante ver como perto desta estória, um apocalipse zumbi parece “melhor”. Pelo menos sabemos como nos defender, sabemos o que fazer, pois conhecemos e vemos. O desconhecido não; me fez pensar muito em mim quando criança: no escuro qualquer detalhe se torna uma monstruosidade e o mínimo barulho que for nos deixa alerta ao extremo. O livro é cercado de suspense e tensão e a todo momento é preciso estar atento. Um ponto que também quero destacar é, que sempre nestas estórias onde há alguma coisa terrível como criaturas, bichos, monstros, o próprio ser humano pode se tornar ainda mais cruel. É triste ver isso, que em meio a completa destruição, entre os poucos sobreviventes, há maldade humana. Uma maldade que muitas vezes supera as próprias criaturas. A mente humana é imprevisível assim como o desconhecido. O homem é seu próprio algoz.
A narrativa é toda em terceira pessoa, o que na minha opinião foi perfeito. Esse clima de tensão ao descobrir cada coisa, ao saber o que esta acontecendo e o personagem não, nos faz “entrar” na estória. É como se eu estivesse lá, querendo avisar para eles o que fazer! Confesso que algumas partes são agoniantes, porém não me deu medo. Como já disse algumas vezes, medo é relativo, ou seja, varia de pessoa para pessoa. Não senti medo, porém senti um estado de rigidez inacreditável.
Josh Malerman acertou em cheio ao intercalar o passado com o presente. Uma ideia que já vi em alguns livros, mas sempre de forma muito mal feita, o que deixava minha leitura confusa e entediante. Ele começa com o presente e depois passa, em capítulos alternativos, a relatar toda a trajetória de Malorie até aquele momento. Esse “modo” como foi escrito deixa a leitura ainda mais dinâmica. Assim como escrito na capa, o livro deve ser lido de uma só vez. Não foi o que fiz, porém, minha cabeça não pensava em outra coisa.
Uma coisa que pensei bastante é sobre esse fato de “não poder ver”. Não enxergar é a realidade de uma minoria no mundo e para pessoas cegas a vida não ficaria muito diferente neste mundo apocalíptico. Se a pessoa já estava acostumada a viver no escuro com o mundo normal, como seria com esse cenário terrível, no qual a condição delas é a mais apropriada?
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Capa em português/ Capa em inglês(original) |
O leitor ira sentir junto com Malorie, toda a preocupação e medo de estar em meio ao caos; é completamente alucinante a forma como o livro é narrado. Recomendo principalmente para quem gosta de estórias apocalípticas e com um imenso suspense. Eu realmente desejo muito um filme sobre está estória; o enredo é digno de uma grande filmagem cinematográfica ou quem sabe, até um seriado.