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O Oceano No Fim do Caminho - Neil Gaiman


     Se eu tivesse que descrever este livro em apenas uma frase, seria: “Extremamente complexo e empolgante.” A estória toda se passa em flashbacks de um homem de quarenta e sete anos que esta um pouco decepcionado com a vida. Suas lembranças mais latentes são situações de medo e inexplicáveis. O protagonista esta voltando de um funeral e para relembrar os velhos tempos visita uma velha fazenda que fica n final da rua – em que passou boa parte de sua infância.
      A velha fazenda das Hempstock, um lugar misterioso e que sempre o deixou com duvidas sem esclarecimento, até hoje. Havia um pequeno lago no fundo da casa que lhe trouxe nítidas lembranças de sua infância, aliás não era um lago, era um oceano. Sim, um oceano no fundo de uma fazenda. O personagem tinha apenas sete anos durante todo o livro – que se dá através de lembranças – uma criança muito inteligente por sinal. Tudo se passa ao lado de Lettie Hempstock, a caçula das mulheres Hempstock. A personagem mais incrível que pude sentir de muitos livros lidos. 
      Tudo se desenvolve de forma tão natural que até espanta, quando você ver o livro já acabou. A leitura eu confesso que no começo não senti muita facilidade, tive que ler mais de uma vez alguns parágrafos para conseguir “digerir” totalmente. Mas eu diria sem hesitar que valeu a pena cada palavra lida e relida. Os capítulos seguem surpreendentes que é quase que impossível parar de ler e ficar imaginando o que acontecerá. Algumas vezes parava de ler e pensava: “Meu Deus, o que é isso!”.
     É um enredo que nos faz sentir totalmente imergidos na estória tanto que o próprio protagonista não possui nome. Talvez tenha sido esta a intenção de Neil, fazer com que sintamos o personagem de forma mais verossímil possível, sentindo como se fosse você mesmo que estava ali vivendo aquelas situações peculiares. Todas as cenas aparentam terem saído de um filme de aventura com fantasia em algum lugar inacreditável no meio do nada. Pude ver as paisagens, sentir os cheiros e suar de medo junto com os personagens. É um livro rápido, o li em apenas algumas horas, foi um vicio rápido e prazeroso!

       Mais interessante e profundo do que o próprio enredo fantástico é a forma como Neil Gaiman trata dos sentimentos. Ele os usa para nos mostrar as duvidas do protagonista em relação a seu pai, a vida e a tudo que o rodeia. O local onde se passa toda a estória é o mesmo lugar onde o próprio Neil cresceu! Incrível, não? Agradeço por ter sido este o livro que me apresentou a Neil, um autor que já tinha ouvido falar mas nunca havia lido nada seu. É um autor incrível, com certeza vocês verão mais postagens aqui sobre livros do Neil.
      As vezes não saber ao certo o porquê das coisas acontecerem, o porquê de se existir e entre outras duvidas, é o melhor a ser feito. Talvez uma representação metafórica disso seja quando Lettie Hempstock leva o protagonista para tentar mostrar um lugar, o inicio. E de lá onde estava tudo “parado” uma única ação, uma única duvida são as causas para desencadear todo o problema principal: Ursula Montken. Talvez seja essa a mensagem do autor, é melhor deixar algumas coisas como estão e não questionar, assim evitando futuros problemas.
      Espero que o livro venha a se tornar uma criação cinematográfica o quanto antes, para que todo mundo que leu ou que ainda o fará se sinta abraçado por uma estória tão encantadora. Pode até parecer um pouco sem sentido algumas partes mas com atenção pode-se perceber o quão bela são os sentimentos postos entrelinhas.


Coraline - Neil Gaiman

A capa é bem sem graça na minha humilde opinião =D
       Tudo começa quando Coraline e seus pais se mudam para uma velha mansão que foi dividida em três apartamentos, e eles se mudam para o do meio. Abaixo moram duas ex atrizes de teatro e em cima mora um velho homem. Coraline é uma criança que não tem tanto a atenção de seus pais como gostaria; eles estão sempre ocupados, trabalhando e ela acaba “ficando” por ultimo. Ela então em questão de estar sempre carente de companhia tenta suprir esta falta ocupando todo seu tempo explorando todo lugar que vai e como não poderia ser diferente Coraline começa a explorar sua nova casa.
       A grande aventura do livro se dá quando a menina durante suas explorações encontra uma pequena porta trancada na sala de visitas. Inicialmente depois de tanto pedir para sua mãe abrir a portinha ela vê apenas tijolos; porem durante uma forte tempestade que obriga Coraline a ficar dentro de casa, ela consegue alcançar a chave e a abre novamente. Desta vez ela não encontra mais uma parede de tijolos e sim um túnel escuro que leva para outro apartamento.
       O “destino” deste túnel é a sua própria vida, mas com muitas melhorias. Seus pais e inclusive seus vizinhos são muito mais alegres e encantam a garotinha. Lá sua mãe é muito mais atenciosa, prepara comidas deliciosas e seu pai até se diverte com ela, mas há um pequeno detalhe que deixa Coraline receosa: seus outros pais e seus vizinhos são estranhamente macabros com seus olhos de botão. A partir dai Coraline sempre tentando enfrentar com força o medo toma atitudes corajosas e com o apoio de seu novo amigo, o gato. Um gato astuto, falante e que desaparece no ar.
                               
   
        A partir desta parte, do gato, vemos uma mera semelhança entre o gato amigo de Coraline que desaparece no ar e o Gato sorridente de Alice no País das Maravilhas. O tom sarcástico, inteligente e misterioso cria uma conexão entre estes dois animais. Mas nem chega a ponto de se tornar plagio, tanto que percebi tal semelhança apenas depois que parei para refletir sobre o livro.
       Coraline é um livro surpreendente. A estória começa leve e bem infantil e vai se transformando em algo grande e sinistro, tem um enredo que você para e pensa: será que é realmente um livro infanto-juvenil? Bom se é infantil ou não, não importa, mas quanto a ser um pouco macabro isso não posso contradizer.   
       Uma das coisas que achei mais interessante da construção do personagem Coraline, é o fato de mesmo sendo uma pequena criança, toma atitudes adultas e sempre corajosas. Algumas de suas atitudes são extremamente sensatas e dão um “tapa” na cara do leitor, provavelmente isso aconteça apenas com leitores mais velhos.
       A narrativa beira ao simples, mas isso não prejudica a obra de forma alguma. Neil tem uma característica ótima e bem clara de contar estórias e por este ser seu primeiro livro destinado a este publico, acredito que não falte muita coisa. Tudo fluiu muito rápido, é um livro pequeno e fino. Para Coraline o bem sempre há de vencer e isso é uma das mensagens subentendidas deixadas por Neil. Como seria bom se todos agissem com as situações adultas de forma simples e boa como Coraline que sempre pensa no próximo.


       A parte sombria (se assim posso dizer) do livro está nos pequenos detalhes que se vistos de forma mais aprofundada se tornam realmente assustadores. Nunca imaginei que sentiria uma certa aflição em pensar em pessoas com botões ao invés de olhos; botões, uma coisa tao simples mas que causa um arrepio na espinha. Há também a descrição continua das “mãos longas e pontiagudas” da outra mãe de Coraline. Bom, eu é que não ficaria nem um segundo nesta outra realidade.

      Há também o filme que até hoje não assisti, mas já ouvi grandes elogios sobre ele! Inclusive há quem afirme que o filme supera o livro. Bom, nisto não botei muita fé, mas só assistindo para saber, não é? E vocês, já viram o filme ou leram o livro? O que acharam melhor?