Resenha: As Crônicas de Nárnia - A Ultima Batalha # 21 Dias

19:52 Unknown 2 Comments


      O começo deste ultimo livro nos é apresentado Manhoso, um macaco velho e desonesto que convence seu amigo Confuso, um burro de cabeça fraca, a fazer a maior das burradas. Manhoso trata Confuso como se ele fosse seu empregado e este, sentindo-se sempre inferior e “burro”, acha que o macaco esta sempre certo. Um dia o macaco pede para que o burro pegue uma coisa amarela que andava pelo rio. Confuso obedece seu “pedido” e os dois acabam descobrindo ser uma pele de leão. Manhoso já pensando em se dar bem, faz Confuso vestir a pele e se passar por Aslam, o grande leão.
      Por incrível que pareça o povo narniano cai nas lábias de manhoso e acredita que Aslam, que há séculos não aparecia em Nárnia, está ali, furioso e cruel como nunca antes visto. Assim, o macaco se junto a um grupo de Calormanos e pretende tomar Nárnia para eles, sob a “escravidão” de muitos animais falantes que se sentem obrigados a servir as vontade de “Aslam”.
      Do outro lado da estória temos o rei Tirian que descobre sobre a “volta” de Aslam e parte para o encontro do grande criador. Porem, no caminho percebe que há calormanos no comando de animais falantes e mais criaturas magicas. O rei Tirian e seu unicórnio Precioso acabam presos por ordens do próprio Manhoso e seus destinos seriam curtos se não fosse pelas crianças mais uma vez. Os filhos de Adão e as Filhas de Eva, terão agora de ajudar na ultima batalha de Nárnia, uma batalha onde a magia é deixada de lado e a crença é a principal arma que se tem. Será que os narnianos deixaram de acreditar no velho e bom Aslam? E o cruel macaco Manhoso, qual será seu destino?
      Pois é, chegamos ao fim do grande livro de Nárnia! Nesta crônica temos um começo sem magicas e cruel; talvez seja um dos mais cruéis “desafios” vivenciado por nossos personagens. Nós vemos, que para tornar um sonho em pesadelo e ludibriar os seres vivos de forma banal, não é preciso de magia. A natureza humana (e animal) tem dois lados: o bom e o terrível. Temos como grande exemplo
ao vermos o próprio macaco Manhoso enganar todos os seres inocentes de Nárnia, que tendo como principal crença Aslam, ao ver que o grande leão “era cruel e impiedoso” desmoronam em tristeza e submissão.

      A Ultima Batalha é um fim honrável para toda a série, sendo talvez a meu ver, seu Magnum opus. Lewis conseguiu transcorrer os capítulos finais de forma incrível, dando sentido a tudo. Eu já imaginei o que aconteceria no final depois de ler sobre alguns acontecimentos, mas não posso falar, seria um tremendo spoiler.

      O fato de o grande reino de Nárnia ter vindo praticamente a ruina por causa de um simples macaco, pode parecer um pouco utópico, mas encaixa perfeitamente. Os narnianos são fieis até o ultimo fio de cabelo a Aslam, e se usado desta crença de forma cruel, abalaria um mundo inteiro. Assim como no nosso mundo, onde a religião já tratou de forma inumana e escravista o povo, acontece em Narnia. Vemos que não foi pelos poderes da Feiticeira Branca que Nárnia caiu; não foi com a malvadeza de Miraz e seu povo que Narnia deixou de existir e também não seria por causa de um macaco velho e impiedoso que Narnia acabaria.
     Narnia apenas passou a existir de forma mais intensa. Uma antiga Nárnia se foi para mostrar a verdadeira Nárnia. Um reflexão neste ponto é exatamente essa: vivemos em qual Nárnia, na antiga Nárnia que pode se acabar ou na mais intensa e vivida Nárnia, da qual fazemos parte? Da Nárnia intensa temos apenas lembranças esquecidas no tempo, que não podemos resgatar. Sabemos que lá é o melhor lugar mas temos medo de ir. A nova Nárnia é, como o próprio C.S.Lewis diz, o “Capitulo Um da Grande História que ninguém na terra jamais leu: a história que continua eternamente e na qual cada capítulo é muito melhor que o anterior."
      Seria muita inocência e ignorância de minha parte não achar Lewis um contador de estórias genial. O admiro por ter envolto toda a historia dos livros em uma esfera bíblica, porém, sem se referir diretamente. Ele sempre cria situações que nós vemos com mais clareza a ação “religiosa” sendo feita. Isso foi criado inicialmente para atingir a todo publico infantil, para que estes aprendam de forma sutil mais sobre a religião. Só que está sutileza destinada as crianças, cai de forma massacrante em cima de nós adultos, que somos mais bem entendidos do mundo do que as crianças - não concordo plenamente com está afirmação - que vivem em sua plena inocência.
      Por fim, A Ultima Batalha, por ser mais intensa e de maiores proporções, acredito que Lewis escreveu pensando em seus leitores já um tanto crescidos. Leitores que estariam no inicio da fase adulta ou na critica adolescência, onde tudo é contestado. Realmente não sei como finalizar essa resenha. Me da um certo pesar pensar que Narnia acabou, a estória acabou. Bom, contrariando o que acabei de dizer, Nárnia não acabou, afinal, não são para isso que são feitos os livros: para eternizar histórias e mundos em nossas estantes? Mundos que podem ser criados e destruídos com um virar de paginas, livros que podem nos fazer chorar e rir, livros que podem nos fazer rever a forma como lidamos com a vida e também, não menos importante, como tratamos nosso único destino traçado, a morte.

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